Hallo,
Hoje
foi o segundo dia da aventura Hamburguesca da mãe.
Tudo
começou com a devida pesquisa acerca dos locais onde tinha de ir. Assinalei-os
devidamente no mapa, sem grande noção de distâncias. Tanto o Burgeramdt (escritório de apoio a
estrangeiros onde vou pedir o nº de contribuinte alemão) e o Consulado
Português ficam nas margens do lago Alster – suposto ex-libris do turismo em
Hamburgo.
Então
como correu o dia, hoje?
Saí
de casa duas horas depois de ter acordado. A brincadeira de comer-limpar a
cozinha, tomar banho-limpar o wc, dormir-fazer a cama, atrasou-me em mais de
uma hora.
Assim
sendo lá apanhei o metro para Steinstrasse e rezei para dar com o escritório de
estrangeiros. Dei várias voltas ao bloco, inclusive paguei 2,00€ por um café
expresso, suei e doeram-me os pés até descobrir que tinha saído do metro no
sítio exacto onde era o escritório. Era só atravessar a estrada. Perdendo cerca
de uma hora perdida, cheguei lá às
13:00 apenas para descobrir que fechara às 12:00. Damn you, sexta-feira na Alemanha! Fecha tudo mais cedo. Sentei-me
e choraminguei um bocadinho antes de continuar o meu caminho para
Jungsfernstieg, a estação central. Pelo caminho pus-me a ouvir Scorpions e
animaram-me bastante. Tanto que tirei a Canon da mala e lá fiz de turista.
Perante uma ponte com dois homenzinhos que, ao longe, me pareceram extremamente
familiares, pus-me a rir. Encaminhei-me para lá apenas para descobrir que, à
esquerda, temos o Colombo e à direita – fiquei sem fôlego – o meu rico Vasco da
Gama.
Metro
é U-bahn, e esta saída funciona para
o Consulado e para a rua onde trabalho. Dei um pulinho a essa rua e depois fui
ao Consulado. Ver a bandeira de Portugal fez-me sentir, por momentos, menos
perdida. Subi ao primeiro andar às 14:00, uma hora depois de ter fechado. Desta
vez não choraminguei; sorri.
Não
há muita gente a saber falar Inglês por isso, depois de dar quatro ou cinco
voltas à praça onde é o Parlamento, enfiei-me num centro comercial para comer
qualquer coisa. Como a cidade não é direcionada a estrangeiros, as ementas
estão todas em alemão. Não são os preços que assustam, são aquelas palavras com
“ch”, “zein”, “k” que assustam. Por isso refugiei-me numa montra de Pasta e sou cumprimentada com um “ciao”. O moreno sorridente tinha de ser do Sul da Europa. Digo-lhe,
em Inglês, que não falo Alemão. Ele pergunta-me se falo Italiano e quase me
atiro ao chão de alívio. Pomo-nos a falar em Italiano e, enquanto como macarrão
à bolonhesa, ele conta-me que é da Sicília e que há vinte e cinco anos que mora
aqui com a família. Chama ladrões aos governos e pergunta o que é que aquela
gente faz com o dinheiro que rouba, visto que bastava roubarem metade para já
viverem o mesmo género de vida. Diz que sente falta da família, da comida – o que é que vocês comem em Portugal?
Portugal é um país lindísimo, da língua dele e, sobretudo, do sol. Diz-me
que vivemos em bons países com más pessoas, e é por isso que ele não vai voltar
a Itália. No final, os três sicilianos – entre os 30 e os 50 anos – juntam-se
ao balcão para me dizer adeus. Com educação, e sem maldade, o senhor mais velho
diz-me, quando me despeço, “sei molto bella”.
Quis ter um bocadinho mais de forças, hoje, para lhe responder “non, sono è molto brava”. Disse-lhes foi
que, graças a eles e ao Italiano, me senti finalmente em casa desde que
cheguei. Como ficam a uma caminhada de 5 minutos a partir do meu trabalho,
penso que vá lá almoçar com frequência.
Voltei
para casa exausta, a dormir no metro. Cheguei a casa e devia sair para ir
tratar das coisas que preciso – entre elas o raio de uns ténis porque fiquei
com os pés num oito. Ao invés, vou dormir e curar as costas até que seja hora
de fazer o jantar.
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